O conceito de “economia da atenção” está se tornando cada vez mais relevante. Em um cenário saturado de estímulos e informações, capturar a atenção se tornou um desafio e, também, uma conquista estratégica para as marcas.
Mas como despertar a atenção real das pessoas hoje em dia? Neste artigo, propomos um olhar mais criterioso sobre como fazer isso ultrapassando a verificação de métricas de vaidade, como número de seguidores e curtidas.
Afinal, se vivemos na era da “crise de atenção”, como as marcas podem estabelecer conexões mais profundas e relevantes com suas audiências?
O que significa “economia da atenção”?
A economia da atenção parte do entendimento de que a atenção humana é um recurso limitado e cada vez mais escasso em um mundo hiperconectado e com excesso de informações.
Como definiu o economista ganhador do Nobel Herbert A. Simon, no artigo “Designing Organizations For An In Formation-Rich World”, de 1971: “Em um mundo rico em informações, a abundância de informação significa a escassez de outra coisa: a escassez do que quer que seja que a informação consome. E o que a informação consome é bastante óbvio: ela consome a atenção dos seus destinatários”.
Ou seja, em um mundo abundante em dados, o problema deixa de ser a falta de informação e passa a ser a falta de atenção para absorvê-la.
No universo das marcas, capturar a atenção equivale a ganhar espaço na mente das pessoas e a ser lembrado como primeira opção, quando se pensa em um produto ou serviço. Nesse sentido, a atenção não é um subproduto: ela é o novo ouro da comunicação.
Agora que você já sabe o que significa economia da atenção, vamos descobrir qual é, exatamente, o tamanho dessa competição?
Quanta informação é produzida atualmente?

Aproximadamente 0,4 zettabytes de dados são criados a cada dia em 2025. Se você ainda não está familiarizado com essa unidade de medida, simplificamos: isso equivale a 402,74 bilhões de gigabytes. Estima-se que neste ano sejam criados 181 zettabytes, ao total.
Nesse emaranhado de dados gerados diariamente, os vídeos são a categoria de destaque, com 53,72% de representatividade. Em segundo lugar estão as redes sociais, com 12,69%.
Quando focamos nos tipos de mídia utilizados nas comunicações online, dados de 2025 mostram que mais de 361,6 bilhões de e-mails são enviados e recebidos por dia.
E se olharmos para as pesquisas feitas no Google, o volume também surpreende. Pela primeira vez, a empresa revelou que cerca de 9,5 milhões de pesquisas por minuto são feitas ao redor do mundo — somente nesse buscador.
Em 2024, o volume chegou a 5 trilhões de consultas globalmente, sendo que 15% desse total foram pesquisas inéditas.
Quer saber como se destacar em meio a esse oceano de informações? Continue com a gente!
Qual a relação entre “economia da atenção” e “crise de atenção”?
Nossa capacidade de focar vem diminuindo ao longo do tempo. Segundo uma pesquisa liderada por Gloria Mark, professora da Universidade da Califórnia e autora do livro “Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity”, o tempo médio que conseguimos manter o foco em uma única tela caiu de 2,5 minutos em 2004 para cerca de 47 segundos em 2021.
E essa queda tem efeitos diretos sobre nosso bem-estar. Em outra pesquisa de 2008, Mark identificou uma forte correlação entre maior estresse e a frequência com que alternamos nossa atenção.
Essa crise de atenção é alimentada por notificações constantes, excesso de tarefas e algoritmos que disputam nosso olhar a cada segundo.
Mas ela também pode ser uma oportunidade: compreender como a atenção funciona, e como ela é afetada, nos permite repensar o que, como e para quem queremos comunicar.
Marcas que reconhecem esse cenário e se comunicam com intenção, clareza, autenticidade e profundidade capturam a atenção para algo útil e são mais lembradas pelos consumidores.
E é aí que mora o diferencial competitivo: enquanto todo mundo faz barulho, sua marca pode fazer conexões reais.
Qualidade da atenção: foco e intenção
Para medir a qualidade da atenção do seu público, é necessário considerar dois conceitos:
- Foco é a intensidade com que o público se envolve com o conteúdo: é o tempo que permanece atento, a leitura que se aprofunda, o envolvimento que se prolonga.
- Intenção é o propósito que acompanha esse olhar: buscar informação, se emocionar, aprender, decidir.
Quando foco e intenção convergem, criamos uma atenção que transcende o superficial.
Esse modelo é reforçado por estudos que discutem atenção como espaço cognitivo e emocional, nascido da combinação entre engajamento consciente e desejo de absorção do conteúdo.
Quais tipos de atenção queremos capturar?
Primeiro, vamos entender qual é o conceito de atenção. O psicólogo e psicometrista Robert Sternberg diz que a atenção é o fenômeno de processar ativamente uma quantidade limitada de informação dentre as informações disponíveis, possibilitando uma economia dos recursos mentais.
Ou seja, a atenção é o que filtra os vários estímulos sensoriais e informacionais que recebemos ao longo do dia, fazendo uma seleção conforme nossos objetivos, interesses ou vivências.
Para compreender como engajar significativamente, também é importante distinguir os tipos de atenção. Hoje, vamos focar em dois: ativa e passiva.
- Atenção ativa é a que captamos quando o público busca proativamente o conteúdo, como uma leitura atenta de um artigo relevante ou a participação em um evento ao vivo. É um tipo de atenção envolvida, focada e consciente.
- Atenção passiva acontece quando o conteúdo é visto de forma mais periférica, seja um anúncio enquanto navega, um trecho de vídeo como pano de fundo ou uma mensagem visual absorvida sem intenção direta.
Ambas as formas têm seu valor. A atenção ativa constrói conexão profunda e a passiva amplia exposição e frequência de forma sutil, eficaz e de longa duração.
6 estratégias para despertar atenção real

Para despertar atenção com sentido, vale a máxima: “não basta ser visto, é preciso ser lembrado”.
As estratégias abaixo oferecem um mapa inicial de como começar a produzir conteúdos focados em despertar a atenção real da sua audiência.
1. Criar narrativas com cuidado e propósito
No mundo hiperconectado e saturado de informações, histórias com propósito têm mais força. Quando o conteúdo reflete valores, gente, trajetórias, o público encontra um espelho. A atenção ativa nasce do afeto e da identificação.
2. Para a atenção ativa, os formatos importam
Um vídeo bem editado, uma leitura bem espaçada e diagramada, um áudio com pausa e ritmo. Os formatos que induzem a imersão ajudam o público a se concentrar.
3. Organização clara é ótima para a atenção guiada
Ninguém gosta de se sentir perdido. Em uma era de dispersão, guiar é oferecer presença e segurança. Cabeçalhos, destaques, listas e espaços visuais são mapas que ajudam a manter o leitor atento e confortável.
4. Contexto relevante instiga a atenção
Para ser lembrado, o conteúdo precisa responder ao agora. Ter sensibilidade para montar um texto, imagem ou vídeo com base no contexto e no estado emocional do público, considerando sua rotina, seus desafios, etc. é uma das chaves para a repercussão do conteúdo.
5. Repetição com estratégia, não como ruído
Reforçar ideias com elegância e sutileza cria lembrança. Mas sustentar a atenção exige senso crítico: o excesso pode virar ruído, e a repetição sem estratégia, distração.
6. Considere métricas de atenção real
Como vimos anteriormente, focar em dados que traduzem engajamento legítimo, como tempo ativo de consumo, índice de conclusão de conteúdos, comentários que revelam reflexão sobre o tema, é melhor do que se basear em métricas de vaidade.
As “métricas de vaidade” medem a atenção?
As chamadas “métricas de vaidade” como curtidas, visualizações e número de seguidores oferecem gratificação imediata, mas não servem para medir a atenção, porque dizem pouco sobre o engajamento real, a conversão ou o impacto emocional dessas comunicações nos públicos-alvo.
Focar nelas pode desviar recursos de campanhas que realmente convertem em vendas, relacionamento ou lembrança de marca e fidelização de clientes.
Como despertar a atenção real pode transformar resultados?
Ao focar na qualidade da atenção despertada e na intencionalidade das comunicações, as marcas passam a se posicionar com propósito e autenticidade, gerando impacto real nos públicos com os quais se comunicam.
Isso fortalece a relevância dessas marcas para as suas audiências e faz com que os investimentos sejam distribuídos com maior eficiência para estratégias que geram conexão, em vez de apenas gerar visualizações.
Além disso, a transição da lógica da exposição para a da atenção estimula uma comunicação mais humana e ativa, a responsabilidade criativa, contextual e com sentido.
Riscos de permanecer na ilusão das métricas superficiais
- Conexão fraca: quantas vezes você já deixou seu like em uma postagem e, 5 minutos depois, nem lembrava mais dela? Likes vazios não constroem afeto por marcas. A atenção real constrói histórias que serão lembradas.
- Desperdício de recursos: produzir conteúdos para gerar visualizações, sem despertar e reter a atenção é como gastar para ser esquecido. Investir em conteúdo estratégico permite uma melhor alocação de recursos.
- Desalinhamento estratégico: sem atenção genuína, as estratégias ficam desconectadas da marca e da lembrança das pessoas.
Presença real é melhor que visibilidade
A economia da atenção pede menos ruído e mais estratégia. Quando criamos conteúdos com autenticidade, conexão e presença real, deixamos rastros mais profundos e significativos em quem o consome.
Na Dinâmica, acreditamos que a atenção é um gesto de encontro de quem a desperta com quem a oferece. Por isso, pensamos além do momento (ou das trends), para construir estratégias combinadas entre diversas áreas da comunicação, capazes de conectar verdadeiramente com os públicos. Tudo isso com a profundidade técnica e a autenticidade esperadas.
Quer construir uma comunicação significativa, duradoura e impactante? Vem com a gente!